Contêiner poderá abrigar biblioteca de escola
Fazendo uma ressalva antes da matéria, que em 2007, contêiner não tinha essa visão de sustentabilidade que tem hoje. Contêiner era apenas uma caixa fechada, usada para transporte de cargas, como vemos nos portos. Hoje, contêiner é utilizado de forma variada e foi adaptado para os mais diversos usos. A arquitetura incorporou um novo conceito para a sua utilização.
O Concurso Prêmio Adjori Paraná de Jornalismo, concedeu Menção Honrosa a esta matéria feita por mim. No mesmo concurso, o Jornal Nossa Folha, o qual estava sob a minha direção e de Liandro Carniel, ganhou mais 06 prêmios, com matérias feitas por outros jornalistas. Sendo: 1º lugar na categoria Projeto Gráfico, 1º lugar na categoria Cadernos Especiais, 2º lugar na categoria Site Vinculado a Jornal (na época site do Portal Medianeira), 2º lugar na categoria Fotografia e 2º lugar na categoria Reportagem Livre.
MATÉRIA NA ÍNTEGRA ABAIXO.
O Colégio Estadual Naira Fellini há anos vem enfrentando dificuldades, sua estrutura está no limite de atendimento. Em 2007 alunos poderão ficar sem local para fazer pesquisas
A escola existe há 10 anos. Possui quatro salas de aula e atende nos turnos da manhã, tarde e noite. São 347 alunos estudando em salas que chegam a abrigar 48, ultrapassando em muito o levantamento do corpo de bombeiros, estipulado em 28 alunos. Estes são alguns dos problemas enfrentados pela Escola Estadual Naira Fellini, localizada no bairro Jardim Irene.
Utilizando a estrutura do município, que abriga também a Escola Municipal João Paulo II, a escola está no limite de sua capacidade de atendimento. Além das salas de aula, a escola conta com um espaço reservado para instalação do laboratório de informática, uma pequena sala para os professores, e uma única sala que acomoda os serviços da a direção, secretaria, supervisão e coordenação.
“Neste espaço trabalham cinco ou seis pessoas, e assim fica muito difícil o atendimento, porque se você precisar atender um pai ou aluno em uma conversa mais reservada, não tem como”, aponta o diretor Cláudio Binotto.
A escola nunca teve acesso à internet e, agora, com o laboratório, a conexão será instalada. Desse serviço surgiu uma parceria entre as duas escolas. A Naira Fellini cederia a internet para a João Paulo II em troca de uma sala para o funcionamento da Biblioteca. “Como vai ser implantado o ensino fundamental de nove anos, o município vai precisar de salas de aula, e aqui é o local que mais têm problemas. No mínimo teriam que construir mais três salas para não precisarem desta, onde está a nossa Biblioteca, que instalamos a poucos dias, mas provavelmente teremos que retirar”, informa o diretor.
Conforme Binotto, a primeira solução seria encaixotar os livros e achar um lugar para guardá-los. A segunda seria a utilização de um contêiner. Trata-se de um recipiente de metal, utilizado no transporte de carga em navios ou trens. “Para resolver o problema de salas de aula, a Secretaria de Educação de Curitiba nos informou que iriam mandar dois contêineres, para serem usados como sala. Ontem, eu liguei e eles ficaram de dar um retorno, primeiro eu não queria, mas agora acho que seria uma solução para a nossa Biblioteca”, disse o diretor.
A Biblioteca, usada como complemento do aprendizado está disponível também para outros alunos e moradores do bairro, que estudam em outras escolas no centro. “Para os estudantes do bairro, às vezes é complicado se deslocar até o centro para fazer pesquisa, então cedemos a Biblioteca para eles. E agora, ficar sem?”, questiona. O diretor disse ter exposto o problema para os pais dos alunos, que ficaram revoltados com a situação.
Binotto disse também ter recebido um ofício da Fundepar – Instituto de Desenvolvimento Educacional do Paraná, no qual está aprovado um projeto para a construção de uma escola semelhante ao Colégio Belo Horizonte, com 10 salas, e quadra de esporte. “O que falta é força política, enquanto não tiver alguém para nos ajudar, vai ser difícil”.
No próximo ano a escola pretende cumprir com algumas regras, como a de aceitar no máximo 35 alunos em sala de aula. “Como o Estado não está dando condições para nós, fica difícil trabalhar, este ano já tivemos pessoas que não puderam estudar. Temos uma lista de espera de 6 a 10 alunos em cada série”. Binotto ainda revelou que agora, com os novos moradores do Conjunto Pintangueiras, a lista vai aumentar, sendo encaminhado para a escola estadual 54 alunos, e para a municipal 83.
“A construção da escola já foi aprovada, mas o que percebo é que os políticos ainda não estão sensibilizados com a nossa necessidade. Do mesmo jeito foi a nossa reforma, só aconteceu porque o prefeito veio e percebeu que não podíamos trabalhar em dia de chuva”.
Nossa reportagem mostrou o problema dos moradores, em dias de chuva, na edição do dia 16 de novembro. Nestes dias, a situação apontada pelo diretor ainda é mais crítica, pois os alunos no intervalo, ficam na sala de aula ou no corredor em frente. “Não há espaço para a movimentação, porque o pátio onde fica a escola é pequeno”. Quando não chove, os alunos utilizam o pátio da escola municipal para o recreio. De acordo com Binotto, a prefeitura agora deve separar as duas escolas com grades, e abrir um portão ao lado, para os alunos não utilizarem mais a frente da outra escola. “Agora eles irão atender alunos de quatro anos, por isso a separação, o que acho interessante até, pois libera espaço nas creches. Mas antes de implantar alguma coisa, deveriam pensar em estrutura. Dizem que vão fazer mudanças aqui em fevereiro, mas eu não acredito nisso”, pontua.
Outra estrutura usada pelos alunos é o Ginásio de Esportes, encontrado em estado de completo abandono. A poeira e o barro contribuem para que fique completamente sujo. “O ginásio só tem cobertura, quando chove não dá para ser utilizado, não há vestuário, não tem iluminação e nem água”, conclui o diretor.
Diretor e secretárias consertando chão da sala onde funciona a direção, secretaria e supervisão